Chegamos ao
capítulo final da carta encíclica do Papa Francisco “Laudato Si’”, que se abre com uma frase impactante: “antes de tudo
é a humanidade que precisa mudar” (LS 202). Esse capítulo trata de dois temas
importantíssimos: educação e espiritualidade; por isso trataremos desses temas
em dois artigos separados.
Nesse horizonte
de conversão, Francisco convida a adotar um novo estilo de vida que quebre o
paradigma tecnoeconômico e sua obsessão e compulsão pelo consumo (LS 203), de
egoísmo coletivo em detrimento do bem comum (LS 204), que afastam e até mesmo
privam o homem da sua verdadeira felicidade e dignidade (LS 205).
“Uma mudança nos
estilos de vida poderia chegar a exercer uma pressão salutar sobre quantos
detêm o poder político, econômico e social” (LS 206), gerando responsabilidade
social, “rompendo com a consciência isolada e a autorreferencialidade” (LS 208),
colocando em primeiro lugar o ser humano e seu valor moral, e não a ideologia
do consumo e do descartável.
“A consciência
da gravidade da crise cultural e ecológica precisa traduzir-se em novos
hábitos” (LS 209), efetivamente – eis o desafio! Um discurso, por mais bonito e
fundamentado que seja, se não for assumido como tarefa e responsabilidade, se
não for traduzido em práticas coerentes e objetivas, se não se tornar verdade
ética, de nada adianta. Para isso, é preciso investir em um modelo de educação
que gere transformação. Reconhecendo que toda vida vem de Deus e a Ele se
dirige, “a educação ambiental deveria predispor-nos a dar este salto para o
Mistério, do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo” (LS
210).
A transformação pessoal
é urgente e necessária, com coragem, entusiasmo e criatividade. “A doação de si
mesmo em um compromisso ecológico só é possível a partir do cultivo de virtudes
sólidas” (LS 211), baseadas em motivações profundas. De fato, assim, “o
exercício destes comportamentos restitui-nos o sentimento da nossa dignidade,
leva-nos a uma maior profundidade existencial, permite-nos experimentar que
vale a pena a nossa passagem por este mundo” (LS 212)!
Nesse cenário,
ocupa papel importantíssimo a família: “Contra a denominada cultura da morte, a
família constitui a sede da cultura da vida. [...] A família é o lugar da
formação integral, onde se desenvolvem os distintos aspectos, intimamente
relacionados entre si, do amadurecimento pessoal” (LS 213). Também às
instituições políticas e à Igreja cabem a tarefa e a responsabilidade da
formação das consciências (LS 214) para que realmente haja uma mudança nos
comportamentos (LS 215). Nossa fé nos impele a essa nova postura, à verdadeira
conversão dos hábitos cotidianos em favor da vida de todo o planeta.
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