Depois de apresentar um panorama da situação ambiental atual e recordar as luzes que a Palavra de Deus oferece à realidade do mundo criado, o Papa Francisco se dedica, no capítulo III da Encíclica Laudato Si’ (LS), a explorar o plano de fundo da crise ambiental: a verdadeira e profunda crise de sentido do ser humano. O ponto de partida da reflexão de Francisco é o paradigma tecnocrático dominante: a deturpação do uso da boa tecnologia a serviço de interesses que visam meramente o poder, a exploração, o controle da liberdade; um ser humano que se pensa plenamente autônomo, mas, na verdade, “carece de uma ética sólida, uma cultura e uma espiritualidade que lhe ponham realmente um limite e o contenham dentro de um lúcido domínio de si” (LS 105; 101-105). Esse paradigma é “homogêneo e unidimensional [... onde] o que interessa é extrair o máximo possível das coisas por imposição da mão humana, que tende a ignorar ou esquecer a realidade própria do que tem à sua frente” (LS 106),
Blog destinado a reflexões teológicas, filosóficas e pastorais. A paixão pelo ser humano conduz aos mais diversos temas e ambientes que compõem sua complexa existência, sobretudo sua dimensão transcendente e transcendental. Sem, claro, renunciar à fé cristã, horizonte e eixo norteador da vida. Da vida à Vida.