Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2015

“O Senhor é nossa justiça” (Jr 33,16)

Imagem
Uma homilia sempre aberta, para o I Domingo do Advento do Ano C. A liturgia desta última semana do Tempo Comum nos prepara diretamente para a liturgia que abre o novo Tempo do Advento: os sinais um tanto catastróficos que nos tem sido apresentados pelos textos sagrados são um sinal de alerta – algo novo, “terrível e grande” (Sl 99,3) se aproxima. No ano litúrgico C que abriremos no próximo domingo, I do Advento, a palavra de ordem da primeira leitura parece ser “justiça”. O cumprimento da promessa é a justiça de Deus que se estabelecerá sobre a terra. Jerusalém, cujo nome se relaciona a “paz” (“shalom”), encontrará a plenitude dessa paz na justiça (o novo nome) que se manifestará em todos aqueles quantos creem no Deus da vida. São Paulo, na segunda leitura, aponta onde deve necessariamente repercutir essa nova justiça divina: na vida fraterna, vivida no amor mútuo entre os irmãos, que gera verdadeira santidade. Nos laços cada vez mais fortes de santidade, na caridade f

Espiritualidade ecológica – Laudato Si’ IX

Imagem
Retomamos, então, o último capítulo da carta encíclica Laudato Si’ , do Papa Francisco – no artigo anterior falamos de uma educação ecológica que vise a transformação dos hábitos de vida e dos padrões de consumo em favor de uma ética planetária do cuidado. O Papa propõe o caminho de uma espiritualidade ecológica (LS 216), partindo de uma verdadeira e efetiva conversão interior para uma real conversão ecológica, “que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa” (LS 217), tendo como modelo São Francisco de Assis (LS 218). A conversão ecológica, nessa perspectiva, traduz-se em conversão comunitária (LS 219) que gera atitudes de “cuidado generoso e cheio de ternura”, “gratidão e gratuidade”, “estupenda comunhão universal”, “criatividade e entusiasmo” e “

Educação ecológica – Laudato Si’ VIII

Imagem
Chegamos ao capítulo final da carta encíclica do Papa Francisco “ Laudato Si’ ”, que se abre com uma frase impactante: “antes de tudo é a humanidade que precisa mudar” (LS 202). Esse capítulo trata de dois temas importantíssimos: educação e espiritualidade; por isso trataremos desses temas em dois artigos separados. Nesse horizonte de conversão, Francisco convida a adotar um novo estilo de vida que quebre o paradigma tecnoeconômico e sua obsessão e compulsão pelo consumo (LS 203), de egoísmo coletivo em detrimento do bem comum (LS 204), que afastam e até mesmo privam o homem da sua verdadeira felicidade e dignidade (LS 205). “Uma mudança nos estilos de vida poderia chegar a exercer uma pressão salutar sobre quantos detêm o poder político, econômico e social” (LS 206), gerando responsabilidade social, “rompendo com a consciência isolada e a autorreferencialidade” (LS 208), colocando em primeiro lugar o ser humano e seu valor moral, e não a ideologia do consumo e do descart

Linhas de orientação e ação – Laudato Si’ VII

Imagem
Depois de um longo intervalo (exatos 40 dias!) sem publicar – tive que dar prioridade ao meu TCC que estava apenas enrolado... – vamos voltar a publicar! E, claro, vamos continuar a reflexão sobre a encíclica Laudato Si’ , do Papa Francisco. Os episódios trágicos dos últimos dias em MG e no ES nos fazem ver a urgente necessidade de parar para refletir e discutir as questões ecológicas, de tomar consciência e arregaçar as mangas na defesa da nossa casa comum! Depois de delinear as situações de crise do mundo contemporâneo, e apresentar a luz do Evangelho para essa situação, Francisco aponta pequenas e práticas linhas de ação ao alcance de toda a humanidade para uma efetiva transformação da dramática realidade ecológica atual. Insistindo na ideia de tratar o mundo como uma imensa casa comum , o Papa frisa: “A interdependência obriga-nos a pensar em um único mundo, em um projeto comum ” (LS 164), e chama a atenção para a irresponsabilidade da sociedade pós-industrial moderna quan