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Mostrando postagens de 2017

A lei é para todos (?)

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Estou observando as críticas ao filme sobre a "Lava Jato", com o "lema": A lei é para todos. Eu me pergunto se isso é verdade. Para além dos partidarismos, há alguma coisa em nosso país que não parece funcionar bem... Na verdade, não funciona mesmo. O grande mal do sistema político e judiciário, desde sempre e para sempre, é a corrupção. Para ver isto, além dos inúmeros exemplos da história das sociedades humanas, basta acompanhar as críticas dos profetas bíblicos ao sistema teocrático de sua época, especialmente o profeta Amós. Tudo isso, fruto daquele primeiro pecado das origens: a sedução do poder , a falsa sensação de não ter limite, legislar em errônea causa própria, o enganar-se a si mesmo. Frei Betto, em "A mosca azul", denuncia esse mal na vida política institucional. Será que não há quem não seja mordido? Se é assim, estamos num modelo de Estado falido, que então não pede reforma, mas total reinvenção. E quem a fará? A classe dirigent

Meu primeiro "Dia do Padre"

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Hoje tive um dia intenso. Graças a Deus. Intenso em atividades e qualidade. A liturgia hoje era uma espécie de chamado à contemplação: enxergar a mão de Deus que age no cotidiano da vida, para não se deixar vencer pela rotina ou pela mesmice. Acho que ser padre seja um pouco isso: contemplar os sinais da presença de Deus no cotidiano da vida – das outras pessoas e da minha própria. O extraordinário de Deus se dá no nosso cada dia ordinário. Recebi neste dia uma enxurrada de belas mensagens – e até alguns presentes. Minha prece é para que minha presença seja também uma bela mensagem. Nem sempre é fácil. A gente é humano; tudo que é humano tem limite; tudo que é limitado pode falhar; toda falha pode levar a um fracasso; todo fracasso pode ser um desencanto ou uma oportunidade de se reinventar e começar de novo. Depende do olhar de cada um. Uma coisa sempre ouvi e concordo: o padre é um homem de Deus. Uma coisa, porém, deve ser clara: “a graça supõe a natureza”, como dizia St

Liturgia: Festa da Vida!

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Alguns pensamentos sobre a liturgia deste 5º Domingo da Quaresma: Ez 37,12-14; Sl129 (130); Rm 8,8-11; Jo 11,1-45 A liturgia dos domingos da quaresma deste ano A apresentam um claro acento batismal. E as leituras de hoje completam esse ciclo de modo solene e muito profundo. A morte é a grande imagem da liturgia de hoje. Para muitos de nós, a morte causa medo, angústia, tristeza... mas o que se quer ressaltar nas leituras de hoje não é a morte por si mesma, mas a vida que nasce a partir das diversas experiências de morte que possamos ter. O profeta Ezequiel, na primeira leitura, anima o povo que sofre no exílio na Babilônia. Para Israel, o exílio é verdadeira experiência de morte: longe de sua terra, do templo, sem rei ou sacerdote, no meio de povos pagãos... a fé corre grave risco! O exílio, comparado a uma “sepultura”, porém, não é a última palavra: Deus levará o povo de volta, e a esperança do retorno à terra, “ressurreição”, reanima a fé do Povo de Deus. É esse

Entre 16 e 17

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Quando adotei o nome “Pluriverso” para este nosso blog, pensava na possibilidade de infindas formas e abordagens, e pensamento livre. Além do que tenho comumente feito: promover a formação e a reflexão. “Teológico” se refere ao horizonte, irrenunciável, da fé. O texto de hoje é uma livre reflexão sobre o conturbado ano passado (sobre, pelo menos, alguns pontos). Tenho a obrigação de pedir desculpas por passar novamente tanto tempo sem escrever – o fim de ano foi agitado com os preparativos da ordenação e estou ainda saboreando os primeiros frutos do ministério presbiteral. 2016 foi um ano conturbado, cheio de reviravoltas. A controvérsia na política nacional é a grande vitrine disso. Saíram os ruins; entraram os piores. Ou seja: regredimos. Voltar à estaca zero seria já um grande avanço – ilusão. Há quem espere ver Lula preso – acho que alguém irá se frustrar... Também na alta política eclesiástica, relações em balanço com a petulante carta do g4 dos cardeais conservadores