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Sim, esta é uma ideia radicada nas mais antigas expressões de fé de Israel, encontrada, de modo particular, no conhecido relato de Noé e o dilúvio (Gn 6-9). "A terra estava corrompida diante de Deus e cheia de crimes" (Gn 6,11), o que levou Deus, em sua santa ira, a provocar uma chuva descomunal durante 40 dias e 40 noites (Gn 7,17), que destruíra toda a vida sobre a terra, com exceção de Noé e seus três filhos e suas respectivas esposas, e dos casais de animais que recolhera (Gn 6,9.7,1-3.7-9). Quando, então, a terra secou, com Noé e sua geração começa uma nova humanidade (Gn 8,13-20), e Deus confirma sua Aliança com toda a vida terrestre (Gn 8,21-9,11) através de um sinal específico: seu arco nas nuvens (Gn 9,12-17).
O relato é, na verdade, uma costura de altas teologias combinadas com a milenar sabedoria mesopotâmica. Seu pano de fundo, sem dúvida, é a aliança que Deus faz com seu povo, corrompida pelo pecado, mas restaurada pela obediência e fidelidade. Deus tudo dispõe para seus filhos, mas chama à responsabilidade para com o uso dos bens e, sobretudo, da liberdade. Nada no mundo pode faltar, "semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite" (Gn 8,22)... mas nossos "avanços" técnico-científicos, desligados de uma ética ecológica, para onde estão conduzindo a vida no planeta?
O arco-íris lembra a poderosa arma dos guerreiros do deserto, o arco e a flecha. Deus coloca seu arco nas nuvens não só como "trégua", mas como sinal de que Ele próprio está "desarmado" por seu amor para com suas criaturas queridas: "Aparecerá o arco nas nuvens e, ao vê-lo, recordarei minha aliança perpétua: aliança de Deus com todos os seres vivos, com tudo o que vive na terra" (Gn 9,16). A natureza, torna-se, assim, verdadeiro lugar teológico, manifestação da presença de Deus e sinal do seu favor e da sua aliança. Exige, portanto, do homem, respeito e cuidado, uma administração responsável dos recursos naturais, e a consciência de que o planeta é casa comum das criaturas todas, mais ainda de todos os filhos de Deus!
Uma "ecoteologia", é sim, possível!
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