O evangelho
deste XXIII Domingo do Tempo Comum interpela a cada um de nós a uma opção
decidida e radical por Jesus e pelo seu Evangelho. Tornar-se discípulo de Jesus
é mais do que uma simples pertença a um grupo social: é entrar num caminho de
transformação de toda a vida, ideias, opções, sentimentos e vontades.
O Papa
Francisco abre a Exortação Evangelii
Gaudium do seguinte modo: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG 1). Apesar dos desafios e
renúncias necessários (e inevitáveis), pertencer a Jesus, à sua comunidade, é
alegria verdadeira – nos permite olhar o mundo com profundidade, além das
aparências, e discernir sinais e gestos concretos que abram a realidade humana
ao poder salvador de Deus.
“Quem não
carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lc
14,27), mas não só: o discípulo autêntico deve ser capaz de ajudar a carregar
também a cruz de tantos injustiçados e marginalizados deste mundo, de tanta gente
que perdeu a esperança e até mesmo a fé. O discípulo, no caminho de Jesus e com
Jesus, aprende a restaurar os laços de fraternidade e solidariedade rompidos
pelo pecado, pelo egoísmo, pela “cultura do descartável” que assola todas as
formas de relação humana. Desse modo, a comunidade cristã se torna nova e
verdadeira família, indo muito além da origem de sangue. O único Senhor (Dominus) que domina a vida de quem tem
fé é Deus, nosso único e soberano Pai; por isso, não há espaço na comunidade
fiel para relações de dominação ou exclusão, como sugere a segunda leitura
desta liturgia – todos somos “um” em Cristo Jesus.
Ser cristão
é estar disposto a enfrentar desafios, mesmo os mais perigosos. Exige preparação,
entusiasmo e, sobretudo, confiança única e exclusiva em Deus. Por vezes,
confiamos mais em nossos projetos e empreendimentos pessoais e pastorais, e
pouco na ação do próprio Deus. É preciso, por isso, entrar na escola de Jesus
como discípulo (não como Mestre), aprender a sempre nova e mais profunda
sabedoria de Deus, como indica a primeira leitura deste domingo. Só a sabedoria
divina é que nos pode conduzir à verdade de nós mesmos, onde, de fato, podemos deixar
que Deus transforme a nossa vida por inteiro.
Comentários
Postar um comentário
Compartilhe teu pensamento conosco!