O Ano da Misericórdia e o Concílio Vaticano II


Na Bula Misericordiae Vultus, n. 4, o Papa Francisco apresenta a ligação entre a abertura do Ano Santo e os 50 anos de conclusão do Concílio Vaticano II. A Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, de fato, foi aberta em 08 de dezembro de 2015 para lembrar esse momento tão importante da história da Igreja.

O Vaticano II foi gestado no espírito do chamado aggiornamento, na busca de um modo novo de comunicar a verdade e a beleza da fé. Segundo a intuição do Papa João XXIII, era preciso dar novo fôlego à Igreja, deixá-la respirar novos ares, sentir o sopro renovador do Espírito. E assim se fez: “Uma nova etapa na evangelização de sempre. Um novo compromisso para todos os cristãos testemunharem, com mais entusiasmo e convicção sua fé”. E ressalta-se: um compromisso de todos os cristãos – uma grave responsabilidade ecumênica! A renovação conciliar passa, pois, por uma redescoberta da dimensão ecumênica da fé, pelos laços de unidade que devem ser construídos e sempre reafirmados!

Uma frase épica de João XXIII na abertura do Concílio ilumina a ligação deste com o Ano Santo Extraordinário proposto por Francisco: “Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade. (...) A Igreja Católica, levantando-se por meio deste Concílio Ecumênico o facho da verdade religiosa, deseja mostrar-se mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade para com os filhos dela separados”. Acredito que todo o programa do pontificado de Francisco encontra aqui uma forte e clara palavra inspiradora, que ele tem buscado cumprir, em atos e palavras, o mais coerente possível.

Já o Papa Paulo VI, no discurso de encerramento, resumia de modo simples e objetivo, os esforços do Concílio Vaticano II e do paradigma eclesial que ele impulsionava e reafirmava: “Toda esta riqueza doutrinal orienta-se apenas a isto: servir o homem, em todas as circunstâncias da sua vida, em todas as suas fraquezas, em todas as suas necessidades” – de forma paradigmática e documental, é o texto da Constituição Gaudium et Spes.

Não poderia ser diferente, portanto, o objetivo deste Ano Santo da Misericórdia: “A todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós” (MV 5), nas palavras do Papa Francisco. Que esta santa inspiração se torne realidade cada dia mais candente em nossa Igreja, em nossa sociedade, em todo o nosso mundo!

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