A solenidade da Epifania do Senhor
aos reis magos é um ponto-chave no tempo litúrgico do Natal: o Menino de Belém
alcança todos os povos, a estrela guia a humanidade à plena verdade de Deus - a
kénosis, a pobreza, a simplicidade. Deus assume um rosto: o rosto de cada homem
e mulher que abandona seu coração em Deus. A Epifania do Senhor é a celebração da
encarnação do amor misericordioso de Deus, que se abre como fonte inesgotável e
acessível a todos.
A liturgia desse dia nos leva a
contemplar o mistério da Luz verdadeira: brilhando sobre o Povo de Deus, a
esperança messiânica se cumpre com todo o seu esplendor em Jesus (1ª leitura);
contudo, essa salvação se estende a todos os povos do mundo pela fé no
Evangelho (2ª leitura). Pela encarnação do Verbo, o mistério de Deus alcança
toda a humanidade e ilumina-a com uma nova luz, a partir de dentro, renovando
sua esperança (cf. Gaudium et Spes
22).
A solenidade da Epifania, de fato,
amplia o significado da celebração do Natal: na Noite Santa, o Senhor se revela
como o Messias esperado pelo povo de Israel, simbolizado pelos pastores; na Epifania,
Ele se manifesta como Deus e Senhor a todos os povos, simbolizados pelos magos
do Oriente. Essa região é conhecida (e sempre indicada na Bíblia) como terra de
sabedoria milenar, o que destaca ainda mais a importância do Menino que nascera
em Belém, a busca da verdadeira Sabedoria que vem de Deus. Seus presentes falam
da missão de Jesus: o ouro simboliza a realeza; o incenso, o sacerdócio; a
mirra, o perfume do embalsamento.
O mistério da Epifania, assim,
aponta para o Mistério Pascal: o Rei nascido de Maria revela aos homens o Amor,
e cumpre, no altar da Cruz, sua missão sacerdotal de elevar a vida humana ao
coração de Deus; o sepulcro vazio na madrugada na Ressurreição é a resposta
amorosa da Vida em plenitude querida pelo Senhor para todos os seus filhos.
Podemos, então, melhor entender a
missão da Igreja, à luz da missão do próprio Jesus: “Cristo é a luz dos
povos... que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja ilumine todos os
homens... porque a Igreja é em Cristo como que sacramento, isto é, sinal e
instrumento da união íntima de Deus e da unidade de todo o gênero humano” (cf. Lumen Gentium 1). Em Cristo não há
espaço para brigas e divisões: somos todos um só povo de irmãos!
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