Quando adotei
o nome “Pluriverso” para este nosso
blog, pensava na possibilidade de infindas formas e abordagens, e pensamento
livre. Além do que tenho comumente feito: promover a formação e a reflexão. “Teológico”
se refere ao horizonte, irrenunciável, da fé. O texto de hoje é uma livre
reflexão sobre o conturbado ano passado (sobre, pelo menos, alguns pontos). Tenho
a obrigação de pedir desculpas por passar novamente tanto tempo sem escrever –
o fim de ano foi agitado com os preparativos da ordenação e estou ainda
saboreando os primeiros frutos do ministério presbiteral.
2016 foi um
ano conturbado, cheio de reviravoltas. A controvérsia na política nacional é a
grande vitrine disso. Saíram os ruins; entraram os piores. Ou seja: regredimos.
Voltar à estaca zero seria já um grande avanço – ilusão. Há quem espere ver
Lula preso – acho que alguém irá se frustrar... Também na alta política
eclesiástica, relações em balanço com a petulante carta do g4 dos cardeais
conservadores contra o Papa Francisco. Existe um claro movimento xiita-conservador
e direitista que tem feito um barulho danado, com seus “pop stars” de batina e Catecismo e Direito em punho (ou mesmo sem
toda a indumentária eclesiástica ou o arcabouço doutrinal – na verdade, muitos
com o tão simples e pronto “eu acho”, típico de quem não tem nada a dizer),
prontos a tudo julgar e a pouco discernir com caridade. Nada contra a batina
(porque também uso, mais por gosto do que por força, acredite) nem contra a
doutrina ortodoxa (base comum e pilar seguro da fé) – mas a verdadeira religião
pede mais! Penso que esvaziamos o Ano Santo quando reforçamos a ideia da Porta e não incentivamos o bastante as Obras de misericórdia (e vamos pagar – se
já não estivermos pagando – o preço disso). A liturgia celebra o mistério de
Deus na história do mundo e na vida concreta de cada homem e mulher, com todos
os seus dramas, angústias, apelos, alegrias e esperanças (GS 1); se descurarmos
disso, se essa história teologal não se
faz presente, voltemos a Jesus, que recupera o profeta Oseias: “misericórdia eu
quero, não sacrifícios” (Mt 9,13). É preciso recomeçar. Sempre. Ecclesia semper reformanda. Menos pensadores
de gabinete! Mais profetas da vida real!
Nem vou
dizer o que podemos esperar do aniversário de 500 anos da Reforma... O que
empunharemos? Flores ou armas? Celebraremos com esperança no caminho da unidade
(na diversidade) ou despejaremos discursos proselitistas e acusações
recíprocas? Qual lado está certo? O de Cristo, tão somente!
Acredito que
2017 começa com muitas expectativas. E como um sinal de esperança. Muita água
ainda há de rolar. Aguardemos. Espero que aconteçam boas mudanças, que nos
elevem e ajudem a viver melhor, em todas as dimensões. Luz. Paz. Esperança.
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