O facebook
me recordava essa semana o primeiro aniversário do nosso querido blog. E decidi,
então, realizar algumas confissões sobre a experiência desse primeiro ano. Será
um relato breve – e talvez soe meio enfadonho, mas... vamos lá.
Tudo surgiu
a partir de uma inquietação do Encontro Regional Leste II de Coordenadores de
Catequese, do qual tive a graça de participar em julho do ano passado. O tema “Catequese
na era digital” provocou-me: como evangelizar no mundo digital? Dentre as
ferramentas disponíveis, qual melhor utilizar? Lembrei-me então dos tempos em
que fui monitor de informática na Escola Pedro Palácios, em minha terra natal:
tínhamos feito uma experiência com os alunos que “viralizou” na época – blogs
em que as próprias crianças alimentavam notícias sobre projetos realizados na
escola. Um blog? É: um blog.
Além disso,
era o tempo do temido TCC, obrigatório também em nosso curso de teologia. Já havia
lido muita coisa, mas, nada ainda havia escrito. De fato, sempre fui dado à
leitura (e muita leitura), mas nunca fui muito afeiçoado à redação. Um desafio
grande, então. O blog foi o instrumento que encontrei para treinar a arte de
escrever. E deu certo! Foram 15 publicações no Pluriverso durante o tempo de
redação da monografia. Escrevi mais de 50 páginas em 30 dias corridos sobre o
primeiro ciclo das catequeses da Teologia do Corpo de São João Paulo II e
ganhei um 9,5 por isso. Sorrisão de ponta a ponta do rosto.
O nome do
blog, Pluriverso Teológico (meio esquisito, admito), era o reflexo exato do que
se passava comigo: uma infinidade de questões, de dúvidas, de anseios, de
desejos “pipocando” na minha cabeça – tudo isso lido à luz da fé, da
experiência de Deus, da reflexão teológica e na iminência da inserção mais
direta na vida ministerial da Igreja (se assim posso dizer do fim do período de
formação no seminário). E assim me decidi a fazer: debater e apresentar
questões e reflexões as mais diversas sob a luz da fé da racionalidade
teológica. E dediquei-me a cumprir tal intento, numa espécie de “Pastoral
Digital”, compartilhando conhecimento e ajudando muitos amigos a acessar a
riqueza cultural e formativa da nossa Igreja Católica.
No início
desse ano, porém, fiquei intelectualmente abatido com a situação política do
nosso país. Mais do que direita ou esquerda, PT ou PSDB, Dilma ou Aécio ou quem
quer que seja, chocaram-me a manipulação midiática, o despreparo retórico dos
legisladores, a falta de fundamentação dos fatos e processos, a
instrumentalização da justiça e a desigualdade de critérios de aplicação das
normas e, sobretudo, a irracionalidade das discussões: debates acalorados,
apaixonados, porém sem fundamentação política nem filosófica, recheados de
insultos e ataques morais. Desanimei com a imprensa, com a televisão, com a
política, com a razão. Acho que nesse episódio perdi minha “virgindade
intelectual”, de uma maneira frustrante, admito.
Além de
todos os outros, tenho um grande defeito: não consigo perdoar gente que pensa
pequeno. Uma coisa é ter um horizonte estreito de cultura e reflexão; outra
coisa é querer ater-se a um cabresto e fechar-se para o infinito de argumentos
e possibilidades e colocar-se com franqueza no debate e na discussão. Passei por
altos constrangimentos, vindos de gente boa, de gente que estuda (mas,
infelizmente não reflete nem ensina com honestidade). Decepcionado, fiquei mais
de cinco meses sem publicar no Pluriverso, não sem dor ou mágoa, mas profundamente
descontente com o desserviço prestado por esses falsos formadores de opinião. Nesse
meio veio também a ordenação diaconal e sua preparação, que me exigiu algumas
horas de atenção e esforço dedicado.
Mas resolvi
voltar. Não foram meses ociosos, pois, como já é conhecido, embora não escreva
tanto, leio muito, e quero voltar a compartilhar com meus amigos o que tenho
adquirido na experiência não só dos livros, mas da vida e da dinâmica pastoral.
Acho que superei as mágoas, especialmente aquelas de mim para mim mesmo, e
volto hoje a publicar. E com ideias até mais “pluriversais” do que o que tenho
feito até agora. Espero voltar a contribuir com o pensamento e a informação,
que encaro como um verdadeiro serviço e ministério. Agradeço sobretudo aos
amigos que sempre me incentivam a não “deixar a peteca cair” e a doar o melhor
de mim naquilo que amo.
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